terça-feira, 3 de janeiro de 2017

perspectiva

que lugar mais certo
p enxergar a mansidão
q o cerne da ventania?

[o contrário não forçaria nossas vistas
ao espetáculo da destruição]

q saber mais exato
nos trará o doce
no ápice de nosso amargor?

que ilusões,
que dores mais humanas
são tão fiéis à vida
quanto o sopro silente
de meu peito que só eu sei
que dói e essa dor é um bem querer?

fazemos traços no deserto,
com o esmero da arte do não se perder;
um grito, o silêncio da multidão,
o gesto, o aceno sem vista,
a distância, os olhos
feridos pelo ardor de
tentar enxergar
sóis sem o distrair de nuvens.

um pássaro alça as alturas
no meio da imensidão,
nossos olhos estão nele,
em seu colorido de força,
não vemos que o suor
das asas seriam desafios
sem direção
se não houvesse o espaço
a lhes dar no voo a exata dimensão
da liberdade.