quarta-feira, 20 de junho de 2012

risca do mundo em mim

Esse verso retido
se escora na parte viva das palavras,

não alça voo longo
sozinho.

meu ser, repetido,
pertence ao organismo
dos verbos e afirmações
resvala porém o silêncio veloz
das pálpebras.

Inebria-se do vento
– que não é palavra –
sempre me lembra em si.

transforma meu peito em aço,
olhos em vidro,
vísceras de matéria nobre,
alta divindade.

pode ser que apenas goteje
um murmúrio inaudito,
mas sinto o grito rompido

tantas vezes lento

que se ergue por respiros inumanos,
no brilho sanguinário
e violento
de inteira vontade
e virtude
desencarnadas
aqui dentro
como palavra.

faço mil perguntas
  quando sinto
  o conforto
  bom desse calor
  vagar em mim.
 

terça-feira, 24 de abril de 2012

La razón

Nada vence,

mãe da máquina humana,

apenas a roupa embebida do corpo do pai: obediente.

Revigora sua inadequação quando sente.

essa máquina de dissecar debulha o mundo de seus filhos conquistados,

faz sentir na pele o frio corte indecente do inumano

em incêndios de renome

- renascimentos

muros movediços que estancam

todos os rios

em hordas de fumo

para cercar o outro

e seu sangue.