Esse verso retido
se escora na parte viva das palavras,
não alça voo longo
sozinho.
meu ser, repetido,
pertence ao organismo
dos verbos e afirmações
resvala porém o silêncio veloz
das pálpebras.
Inebria-se do vento
– que não é palavra –
sempre me lembra em si.
transforma meu peito em aço,
olhos em vidro,
vísceras de matéria nobre,
alta divindade.
pode ser que apenas goteje
um murmúrio inaudito,
mas sinto o grito rompido
tantas vezes lento
que se ergue por respiros inumanos,
no brilho sanguinário
e violento
de inteira vontade
e virtude
desencarnadas
aqui dentro
como palavra.
faço mil perguntas
quando sinto
o conforto
bom desse calor
vagar em mim.
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