quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ei

teu nome é fonte breve
de rimas boas,
sons daí
repercutem mais fortes,
como água que se queda
absoluta sobre pedras:

cria a beleza
na espontaneidade dos olhos
- teus
E no rápido piscar
que o demasiado humano
incendeia e causa
quando te vejo.

(em mim)

Não há sentido
que se entenda
sem que se sinta,

Eis aí a urgência
recém-nascida
desse nós dois.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

pequena prece

voto a ti um verbo apaixonado
voto a ti um verbo de aconchego
voto a ti um êxtase perene

- pela qualidade do que vigora aí dentro
(de ti)

voto dentro de ti
por que os filhos desse voto

SÃO ETERNOS

[amor é forma de dizer
que se entende]

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Arquitetura de risco

O voo mais alto
pede
ARQUITETURA DE RISCO

Meu equilíbrio
pede
TANTAS OUTRAS FORMAS DE EQUILÍBRIO

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O menino e o velho

Não mais aquele velho de menino,
agora um menino velho
[que não consegue descansar
com os dois olhos fechados;
guarda-lhe o repousar do dínamo,
guarda-lhe a ofensa
da vida em confortável inércia,
[tudo aquilo que pensamos e vivemos
reveste de flores um túmulo futuro.

É essa experiência desgarrada
e imatura que envelhece
o rosto – e a alma –
desse menino temporão,
gasta-lhe os olhos
de tanto ver
e desejar
[faz-lhe querer muito,
apaixonar-se
fenecer.

Como um sol...

[e não pense que lhe chega este fogo]

Existe quem viva mais de uma vez,
até mesmo quem nunca viva,
só não disseram a este menino
que qualquer que seja a vida,
existe em sua lei o ensejo
de que acabe,
de que se morra,
que se sinta a dor
inútil e suprema
de não mais ser.

Dessa dor é que escapa
docemente,
como um verso,
o menino.

Solta ares de liberdade,
bolhas alegres,
de um ar poluído,
solta-se leve no chumbo
dos dias,
aguarda, dissolvente,
a hora certa
de atrasar
- mesmo com medo -
o limite que jamais lhe não basta.


Junho/2010

Ensaio I

Meu pensamento é um objeto desejado,
horas pelejo para encontrá-lo;
muitas vezes se bate em mim
como onda na ressaca

Me gasto inteiro,
na discreta explosão do fósforo,
- não existe mais poesia que interesse –
gasto meu último verso para defender
o indefensável,
e o mundo inteiro se diverte
ao me ver arder
ensandecido pela rua,
meio palhaço,
meio louco,
embriagado de um silêncio estrondoso
e de uma imensa paralisia...

Brevidade?

Escrever no curto espaço do tempo
a imensidão do oceano que cala
aqui

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tatear

QUASE
CEGO
MELHOR
ENXERGO
NO
ESCURO
DESEJO
A SOMBRA
QUE AQUECE O SOPRO
DO AQUI DENTRO
DO MUNDO