terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pequenino

Pequenino cristal

envolto em máquinas,

sobrevive no resfolegar de

seu vapor mineral,

pequeno, pequeníssimo cristal,

liga seu inacreditável existir

ao dos homens,

conforme o milagre

da nascença – humana –

porque esse cristal não nasce,

nem brota, como brotam tantas coisas mais,

despercebidas, aleatórias.

Esse cristal reflete o medo do mundo

e seu tremendo gozo,

ou a ausência de dor,

ou o desamor

ou o desapego.

Esse cristal não é,

nunca foi,

algo de que pudéssemos falar

“pesa o dobro do que vale”

porque carrega propriedades

Que não são da pedra,

Pode sangrar, acreditar

E morrer.

Esse cristal é a essência do que

se faz essência, em nós,

e nossos olhos refletem,

cansados, a beleza exuberante

de suas curvas retilíneas,

de sua forma lindamente deformada.



Esse cristal pulsa a marca

do que nos iguala,

seu brilho

jamais é visto,

jamais.


Mas nós o carregamos.