Pequenino cristal
envolto em máquinas,
sobrevive no resfolegar de
seu vapor mineral,
pequeno, pequeníssimo cristal,
liga seu inacreditável existir
ao dos homens,
conforme o milagre
da nascença – humana –
porque esse cristal não nasce,
nem brota, como brotam tantas coisas mais,
despercebidas, aleatórias.
Esse cristal reflete o medo do mundo
e seu tremendo gozo,
ou a ausência de dor,
ou o desamor
ou o desapego.
Esse cristal não é,
nunca foi,
algo de que pudéssemos falar
“pesa o dobro do que vale”
porque carrega propriedades
Que não são da pedra,
Pode sangrar, acreditar
E morrer.
Esse cristal é a essência do que
se faz essência, em nós,
e nossos olhos refletem,
cansados, a beleza exuberante
de suas curvas retilíneas,
de sua forma lindamente deformada.
Esse cristal pulsa a marca
do que nos iguala,
seu brilho
jamais é visto,
jamais.
Mas nós o carregamos.
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