terça-feira, 25 de outubro de 2016

noturno

me faz esquecer
o frio cortante
de uma noite
nem tão distante,
em que corríamos nas ruas
como fugitivos;

vimos nos olhos das crianças
fantasmas traiçoeiros,
arejamos o medo,
a covardia,
respiramos
sórdida neblina,
como cegos,
tateamos certezas..

Primaveras dardejantes
se desfazem ao som de gritos,
daqueles de quando matamos e morremos,
de quando dilaceram corpos
e ferem além a alma
de tantos quantos forem necessários
para se fazer entender
que são sonhos.

E nos acordam
em busca de ar
pelo seio da noite
- sem maldições -
cumprindo destinos.

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