faço fotografias de anseios,
enxergo iridescências,
renques de velas
queimando abraçadas
aos ventos mais fortes,
esse ar que tira do fôlego
minhas vísceras,
minhas pálpebras,
os humores,
da minha morte,
é o instante digestivo
da vida;
retrato do tempo
corrido e seus desertos de fome,
flores de resquícios,
brilhos na água
de sóis e sins,
estrelas,
e ventres.
me vejo andando calado,
tímido frente ao tamanho
de silêncios enormes,
por onde pinto meus nomes
- e teus olhos -
de sangue e ócios,
delírios e buquês
terça-feira, 25 de outubro de 2016
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Extremidades
As bordas são meu centro.
E o centro, minha margem.
Ando em círculos de precipício
para acarinhar nuvens.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Encantamento
Leve como vento
arrastando o calor da tarde,
retira senso do peso
rarefeito da entrega,
traz apenas o carinho
de seus olhos
sobre o incêndio das flores
- nossas esperanças.
Esse tudo arde
num sem-fim de cinzas;
o nascer do broto,
intensa fortaleza.
arrastando o calor da tarde,
retira senso do peso
rarefeito da entrega,
traz apenas o carinho
de seus olhos
sobre o incêndio das flores
- nossas esperanças.
Esse tudo arde
num sem-fim de cinzas;
o nascer do broto,
intensa fortaleza.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
risca do mundo em mim
Esse verso retido
se escora na parte viva das palavras,
não alça voo longo
sozinho.
meu ser, repetido,
pertence ao organismo
dos verbos e afirmações
resvala porém o silêncio veloz
das pálpebras.
Inebria-se do vento
– que não é palavra –
sempre me lembra em si.
transforma meu peito em aço,
olhos em vidro,
vísceras de matéria nobre,
alta divindade.
pode ser que apenas goteje
um murmúrio inaudito,
mas sinto o grito rompido
tantas vezes lento
que se ergue por respiros inumanos,
no brilho sanguinário
e violento
de inteira vontade
e virtude
desencarnadas
aqui dentro
como palavra.
faço mil perguntas
quando sinto
o conforto
bom desse calor
vagar em mim.
se escora na parte viva das palavras,
não alça voo longo
sozinho.
meu ser, repetido,
pertence ao organismo
dos verbos e afirmações
resvala porém o silêncio veloz
das pálpebras.
Inebria-se do vento
– que não é palavra –
sempre me lembra em si.
transforma meu peito em aço,
olhos em vidro,
vísceras de matéria nobre,
alta divindade.
pode ser que apenas goteje
um murmúrio inaudito,
mas sinto o grito rompido
tantas vezes lento
que se ergue por respiros inumanos,
no brilho sanguinário
e violento
de inteira vontade
e virtude
desencarnadas
aqui dentro
como palavra.
faço mil perguntas
quando sinto
o conforto
bom desse calor
vagar em mim.
terça-feira, 24 de abril de 2012
La razón
Nada vence,
mãe da máquina humana,
apenas a roupa embebida do corpo do pai: obediente.
Revigora sua inadequação quando sente.
essa máquina de dissecar debulha o mundo de seus filhos conquistados,
faz sentir na pele o frio corte indecente do inumano
em incêndios de renome
- renascimentos
muros movediços que estancam
todos os rios
em hordas de fumo
para cercar o outro
e seu sangue.
mãe da máquina humana,
apenas a roupa embebida do corpo do pai: obediente.
Revigora sua inadequação quando sente.
essa máquina de dissecar debulha o mundo de seus filhos conquistados,
faz sentir na pele o frio corte indecente do inumano
em incêndios de renome
- renascimentos
muros movediços que estancam
todos os rios
em hordas de fumo
para cercar o outro
e seu sangue.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Arqueologia
Lâmpada viva,
retina de suor,
na lápide do que viveu
e virá,
guarda sonhos mortos,
recém-nascidos,
de medo e esperança,
a mesma dança
no luto e no riso
verdadeiro,
traz no peito
o punhal fino
da poeira,
e o bafo do açude
onde mergulhava bonecos de chumbo,
o sal dos tiros das arribações,
irmãos caídos
no peso imenso
do céu,
no pedaço da estrada
sem volta do edifício moderno.
Conta no intacto branco
das linhas leves e desumanas
o rubor da face descascada
do tempo do pai e do filho,
dos filhos não contados,
das mães esquecidas,
dos abismos de terra e cal,
No segredo da laje
inscreve o ouro de dias nada pacíficos,
faz jorrar a república
da terra vermelha que
roga a sede e a sentença do homem,
leva-o até os últimos portais da odisseia,
para sentir leve nas narinas as nuvens
algozes de lágrimas evaporadas,
como um ícaro maltrapilho,
a pureza e o açoite do aço
e do concreto armado,
donde enseja seu voo noturno,
circunscreve o espírito de quem veio
aqui com o ardor e a fome do trabalho nas costas.
retina de suor,
na lápide do que viveu
e virá,
guarda sonhos mortos,
recém-nascidos,
de medo e esperança,
a mesma dança
no luto e no riso
verdadeiro,
traz no peito
o punhal fino
da poeira,
e o bafo do açude
onde mergulhava bonecos de chumbo,
o sal dos tiros das arribações,
irmãos caídos
no peso imenso
do céu,
no pedaço da estrada
sem volta do edifício moderno.
Conta no intacto branco
das linhas leves e desumanas
o rubor da face descascada
do tempo do pai e do filho,
dos filhos não contados,
das mães esquecidas,
dos abismos de terra e cal,
No segredo da laje
inscreve o ouro de dias nada pacíficos,
faz jorrar a república
da terra vermelha que
roga a sede e a sentença do homem,
leva-o até os últimos portais da odisseia,
para sentir leve nas narinas as nuvens
algozes de lágrimas evaporadas,
como um ícaro maltrapilho,
a pureza e o açoite do aço
e do concreto armado,
donde enseja seu voo noturno,
circunscreve o espírito de quem veio
aqui com o ardor e a fome do trabalho nas costas.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Paisagem
Incêndios em todo horizonte:
poderia ser terra arrasada
de algum oriente médio oportuno,
mas é o exótico comum de nossos olhos
poderia ser terra arrasada
de algum oriente médio oportuno,
mas é o exótico comum de nossos olhos
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